quinta-feira, 26 de julho de 2012

Pior Idade - Rosa Amália da Silva

Rosa Amália da Silva (silva.rosamalia@hotmail.com)

cidade: Salvador
estado: BA
idade: De 61 a 70 anos
sexo: feminino
categoria: POESIAS

 Pior Idade

Já é noite e mais um dia se foi.
Sei que amanhã será outro dia,
Mas sei também que será igual ao de hoje.
Mesma mágoa, mesma tristeza, mesma solidão...
Parentes, todos distantes.
Amigos, não os tenho.
Porque não os tenho, não sei.
Preciso falar com alguém, mas, com quem?
Acho até que posso gritar e ninguém vai me ouvir.
E assim o tempo passa, a velhice chega...
Na velhice tudo se agrava:
A dor nas juntas, a dor do desprezo,
A dor da indiferença e a dor da solidão.
Ah, a solidão... Essa é a que mais dói.
Ela fere o coração, machuca a alma
E nos traz pensamentos ruins.
Se na velhice tudo piora,
Não entendo por que a chamam de 
Melhor Idade.

sábado, 7 de julho de 2012

Incêndio na Floresta - Paulo Miranda Sarmento

Paulo Miranda Sarmento (paulomsarmento25@gmail.com)

João Pessoa PB
idade: De 81 a 90 anos
sexo: masculino

Incêndio na Floresta


A seca e o calor excessivo apodera-se da mata e provoca a combustão espontânea. Acende-se o graveto humilde e despretensioso, que começa a queimar-se. Ao mesmo tempo, junto àquela pequena chama, folhas, galhos e restos de árvores caidas iniciam o fogaréu. Em sua inclemente marcha, conduz a rebelião das labaredas. Forma-se um grande incêndio na selva. O desespero e o terror fazem-se sentir naquele instante. Aves abandonam seus ninhos, em desespero, batendo suas asas, procurando outros caminhos, sem contudo conseguir salvar suas crias. Os animais do solo, inquientando-se, disparam em debandada. O caos está lançado. Uma torrente de brasas ameeaça a fauna. O homem, impotente para para evitar a desgraça, acompanha as outras criaturas, procurando fugir do inferno que se formou. Feras unem-se, esquecendo-se de seus prováveis inimigos, sentindo-se perdidos em idêntico desespero. De frondosos arbustos, batendo-se em retirada, descem vários seres, ora indo ao encontro da morte, ora escapando da tragédia. Ali, o mundo parece estar acabando. Tudo isto pode acontecer, por uma estranha fatalidade do destino. Entretanto, quando o próprio homem incendeia as florestas, não é, portanto, digno de pertencer a natureza que o criou. Torna-se cruel e desumano, fazendo um grande insulto a Deus.