sábado, 13 de abril de 2013

NÃO POSSO E NÃO QUERO ENVELHECER - GERALDO EUSTAQUIO RIBEIRO

GERALDO EUSTAQUIO RIBEIRO (geraldo@tremnet.com.br)

cidade: Betim
estado: MG
idade: De 61 a 70 anos
sexo: masculino
categoria: OUTRAS
titulo: NÃO POSSO E NÃO QUERO ENVELHECER
texto: 
Eu não sei por que o país precisa ter tantas leis inúteis. 
Deve ser porque os legisladores eleitos pelo povo são na sua grande maioria, inúteis também. 
"Considerando a necessidade de prevenção e redução dos riscos à saúde aos quais ficam expostos os idosos residentes em instituições de longa permanência 
O Diário Oficial da União oficializou no dia 27/09/05": RESOLUÇÃO RDC Nº 283, DE F26 D3 SETEMBRO DE 2005. A diretoria colegiada da Vigilância Sanitária no uso da atribuição que lhe confere o ART. 11, inciso IV do Regulamento da ANVISA aprovado pelo decreto 3029 de 16 de abril de 1999, c/c do Art. 111, inciso I, alínea "b" & 1º do Regimento Interno aprovado pela Portaria Nº 593 de 25 de agosto de 2000, republicada no DOU de 22 de Dezembro de 2000, em reunião realizada em 20 de Setembro de 2005 e: Considerando a necessidade de garantir à POPULAÇÃO IDOSA os direitos assegurados na legislação em vigor... 
Gostaria que todos pudessem refletir. 
Que direitos tem os nossos velhos? 
Andar de graça em ônibus lotados e muitas vezes com alguém fingindo dormir nos assentos reservados para eles que precisam mendigar o lugar? 
O direito de ser atendido primeiro em qualquer lugar que tiver um a fila e ficar escutando desaforos de alguns que acha isto um absurdo? 
O que mais foi conquistado? 
Se alguém souber, por favor entre em contato. 
"Considerando a necessidade de prevenção e redução dos riscos à saúde aos quais ficam expostos os idosos residentes em instituições de longa permanência". 
Em resumo esta era a "preocupação dos legisladores". 
Era. 
O objetivo foi: Estabelecer padrão mínimo de funcionamento das instituições de Longa Permanência para Idosos. 
Aqui a lei estabelece a igualdade entre as instituições particulares (que são empresas constituídas para gerar lucro) e as que foram criadas para Gerar Voto e ser cabide de emprego com as de cunho caritativo que vivem mendigando recursos para cuidar dos abandonados pela família ou expulsos de casa pela miséria. 
Quero salientar que é do meu conhecimento que a palavra Asilo foi abolida dos dicionários e agora estas casas deverão ser chamada de Lar. 
Tenham a santa paciência! 
Vou continuar chamando de Asilo. 
Um lar só se constrói com a presença de três pessoas: Pai, Mãe e Filho. 
Que me perdoem os que não puderam ter filhos. 
Existem muitas crianças que não puderam ter Pai e Mãe. 
Que me perdoem os que não querem filhos. 
Existem tantos asilados que também não quiseram ou não souberam ter filhos. 
Vejam o que esta lei está impondo aos Asilos: 
Além de uma série de medidas na área física e estrutural. 
O quadro de funcionários deve ter: Um Responsável Técnico com formação de Nível Superior. 
Um profissional para área de Lazer com formação de Nível Superior. 
No papel tudo é muito bom. 
Na pratica... 
Nada vai mudar. 
As com fins lucrativos vão continuar faturando porque este é um mercado em expansão, porque com o avanço da tecnologia, afeição e carinho são sentimentos antigos e os filhos não estão preparados para cuidar dos seus pais. 
Todos se preparam para ter e cuidar de um filho. 
A grande maioria das pessoas que perderam seus pais, juram que cuidariam deles se tivessem tido oportunidade e os que ainda convivem com os seus, quando a velhice chega, a primeira opção é um asilo. 
Graças a Deus existem muitas exceções. 
Ninguém se prepara para cuidar da mãe ou do pai quando ficam velhos. 
São pegos de surpresa e se aborrecem. 
As instituições de Caridade também vão continuar do mesmo jeito.
A lei prevê que a casa pode ser fechada. 
E pode. 
E quem vai cuidar sem ter lucro? 
Os internos destas casas não dão retorno porque não podem pagar uma clinica particular, não possuem força de voto porque foram abandonados. 
Quem vai assumir? 
O poder público? 
As experiências de amparo Ao ser humano pelo governo são todas desastrosas: Instituições com mais funcionários que internos. 
Funcionários que mal cumprem o horário porque são meros cabos eleitorais.
Acolhimento preferencialmente por indicação política. 
E tantas outras irregularidades. 
O poder público é perverso quando se trata do cuidado com os pobres. 
Eu fui presidente voluntário de um asilo com cinqüenta e cinco internos, destes, treze acamados e a grande maioria com algum problema mental. 
Eu sempre me pergunto: Isto é um Lar? 
Um lar deveria ser o local de envelhecer com tranqüilidade. 
O bom senso diz para não receber pessoas com algum problema mental ou acamado. 
O poder público não criou um meio termo entre o Hospital e a residência do pobre. 
Há pouco tempo demos assistência a um jovem de 24 anos que foi liberado de um hospital com Escaras horríveis e sobreviveu apenas dois anos. 
O poder público fechou as casas de internação para doentes mentais, em sã consciência, quem tem condições de cuidar de uma pessoa assim dentro de um barraco? 
Se o asilo de caridade não os acolhe onde serão jogados?
No Lixo?

quarta-feira, 3 de abril de 2013

PERIGUETES INSTITUCIONAIS (se tiver interesse...Leia...)


PERIGUETES INSTITUCIONAIS

Documento registrado no Cartório RTD&PJ Uberlândia/MG microfilme nº 3207509.
 
Luiz Inácio,
Meu olhar foi de desconfiança em você desde as primeiras greves dos
metalúrgicos nos idos da década de 70. Aqui, um eco da Polônia. As
mesmas greves retumbantes, uma contra a ditadura comunista da URSS,
outra, apenas salarial, no estertor da ditadura capitalista/udenista
do Brasil. Um Lech Valesa brasileiro? Ambos sindicalistas.
Contemporâneos. Um nascido em 1943, outro em 1945. Ambos fundadores de
partidos políticos: SOLIDARIEDADE e PT.
O polonês de Gdansk teve um mandato de cinco anos a partir de 1990. Na
sequência não se elegeu, por uma diferença magra de 3%. No ano de
2000, na terceira postulação, obteve menos de 1% dos votos, vítima de
um discurso e uma prática política que não interessavam mais ao seu
povo. A estrela polonesa se apagou para sempre. Um pouco de história
não faz mal a ninguém.
Aqui, um metalúrgico nordestino radicado no ABC Paulista. Até aí, tudo
bem. Um operário ousado, que o momento brasileiro comportava, dentro
dos limites de uma reivindicação meramente salarial. Quem seria aquele
operário patropi? Desleixado, atrevido, raivoso, barbudo, que mal
dominava o vernáculo, ignorava a gramática mínima, cuspia na cara da
classe dominante e vinha meio alcoolizado, pelo menos assim parecia,
protegido pela CNBB e pela OAB. Quem era ele? Era você, Luiz Inácio.
Nítido como se fosse hoje, guardo na lembrança um programa de TV, RODA
VIVA (?) onde você proclama dedicação exclusiva à luta sindical,
esconjurando filiação partidária e chicoteando a conduta de políticos
brasileiros e dos pelegos da CGT. Quem te viu, quem te vê...!
Rapidamente as melhores cabeças do Brasil intelectual ”progressista”
se juntaram a alguns ex-presos políticos, ex-exilados políticos e
inventaram um partido político que nascia com um nome discriminatório
e arrogante: Partido dos Trabalhadores. Bem católico. Bem
paulista/paulistano. Bem quatrocentão. Bem USP/UNICAMP.
Universitários, operários e professores de história caíram de quatro
no arraial do PT, com estrelinha vermelha na lapela e tudo mais.
Fanatizados.
Burguês reacionário era todo brasileiro que discordava da cartilha
petista. Estavam excluídos, e eram personna non grata, os
simpatizantes do Partidão, os nascidos em berços ruralistas, quem
teimasse em raciocinar com a própria cabeça e Brizola, evidentemente,
seu carma mais contundente. Aliás, sua projeção foi articulada com o
objetivo de enfraquecer o PTB getulista e exorcizar seu natural
herdeiro, o experiente e perigoso gaúcho caudilho socialdemocrata,
Leonel Brizola, que retornava do exílio apetitoso de poder.
Esta agremiação pretendia ser um PO, Partido dos Operários, e, na
falta de mitos e heróis brasileiros, se apropriou da foto de um médico
argentino singular, cuja biografia a militância petista jamais
pesquisou, nem se interessou em saber quem era: CHE GUEVARA. Para a
tigrada bastou decorar a frase: “Hay que endurecerse sin perder la
ternura jamás!” Foi esta a pátria ideológica da juventude brasileira
contestadora ou não. GUEVARA, mais amado no Brasil do que na
Argentina, virou poster, virou chaveiro, distintivo, enfeite de
parede, capa de caderno e camiseta. Na minha cidade dois irmãos
cabeludos se mantém há três mandatos como deputados estadual e
federal, gigolando a imagem do falecido guerrilheiro argentino que não
cobra royalties nem cachê. Mito é mito, não se discute. A nível
nacional, para compor a fantasia do bloco, o PT criou uma grife
vermelha e empunhou uma bandeira idem.
Voltemos aos anos de chumbo. Uma porção de esqueletos gritava dentro
do armário. Doíam na memória e no lombo da esquerda sobrevivente os
mandatos cassados a torto e a direito, o Congresso fechado, os
governos biônicos, os exilados políticos, a pancadaria e o sumiço de
centenas de gatos-pingados da CGT, do CPC, da UNE, da Marinha, das
universidades federais, do Partidão, das salas de aula, das redações
de jornais, danos irreversíveis produzidos sob a égide do inesquecível
e troglodita AI-5. Até hoje me amarga a boca aquela frase
discricionária: BRASIL, AME-O OU DEIXE-O. Quando o PT surgiu, como a
luz no fundo do túnel, era pegar ou largar. Muita gente acreditou e se
agarrou a esta ideia libertária como se ela fosse uma tábua de
salvação contra a ditadura militar.
Havia tanta gente séria, confiável, inteligente, interessante,
comprometida com a História pregressa do Brasil, preparada para
assumir o comando pós-ditadura militar. Gente ingênua. A luta por
melhores salários, sempre justa e oportuna, foi apenas um pretexto
para abiscoitar o partido, ganhar a confiança do povão e o poder. O
importante, em curto prazo, era fustigar a burguesia nacional e
internacional, o capitalismo selvagem e as forças armadas. Em médio e
em longo prazo, manter os pobres na pobreza, dependentes de esmola
governamental: FOME ZERO, BOLSA ESCOLA, BOLSA FAMÍLIA, BRASIL
CARINHOSO, BOLSA CULTURA...
A massa falida, de memória curtíssima e vítima do mal crônico de
preguiça mental, se identificou com o discurso messiânico e beatificou
o novo salvador. Não reparou nem se importou com insignificâncias
como, por exemplo, o fato de ele declarar que nunca leu um livro, não
sabe de nada, não viu nada. Ele queria mesmo era passear. A primeira
providência foi comprar um super avião com capacidade para mais de cem
passageiros, mandar emperiquitá-lo no exterior e voar pelo mundo, para
se vingar da infância pobre e tirar o atraso do tempo de operário
pé-de-china, grevista do ABC. Reinou por oito anos, visitou dezenas de
países e, mesmo com uma bagagem insignificante de leitura, se tornou
Doutor Honoris Causa de cinco universidades brasileiras e uma
portuguesa. ECCE HOMO! Você.
No Congresso foi fácil comprar dignidades e votos. E houve todo
recurso do Tesouro Nacional para garantir todas as negociatas e para
manipular a ingênua e burra opinião pública das classes C, D, E. Os
institutos de pesquisa entrevistaram (será que entrevistaram mesmo?)
punhadinhos de brasileiros e brasileiras, ninguém sabe onde, e fizeram
a grande virada eleitoral. Eu, como nunca fui entrevistada nem jamais
conheci sequer um cidadão brasileiro que o tenha sido, não me deixei
sugestionar pelos resultados, porém as vitórias, garantidas pelas
bolsas-esmolas, aconteceram. O famoso toma lá, dá cá. É dando que se
recebe. O tempo se encarregou de botar os pingos nos is. Uns saíram do
PT por desencanto. Outros, que tinham luz própria, foram
defenestrados: Maria da Conceição, Erundina, Hélio Bicudo, Cristóvão
Buarque, Gabeira, Luiza Helena, Marina Silva, Flávio Arns... Centenas.
Milhares.
Luiz Inácio, você sabia que, apesar de tudo, ainda existe uma parcela
da nossa população que raciocina, analisa, discorda, vê, ouve, rala
pra caramba, paga impostos deduzidos na fonte e/ou no pé da Nota
Fiscal, lê jornais, revistas, assiste telejornais todo santo dia, ouve
a BBC de Londres? Pois existe. Eu me incluo nesta lista, com muito
orgulho. Nós, brasileiros patriotas de plantão permanente, não depomos
a esperança em dias melhores, com dirigentes mais honestos, mais
decentes.
Machuca meus brios ver esta máquina extraviada, esta cúpula política
em permanente cópula com o estelionato, a corrupção, o enriquecimento
ilícito, a malversação do dinheiro público, as licitações maquiadas,
superfaturadas ou, pior ainda, dispensadas legalmente, a governança
exercida por medidas provisórias, as Câmaras vazias, legislando com
votos de lideranças, através de indecorosos acordos de bancada.
Dizer apenas que dói em mim é eufemismo. Na verdade tudo isto me enche
de indignação. Mal comparando é como se a sociedade brasileira fosse
composta de debilóides e safados: índios que querem espelho, negros
que querem samba e brancos que querem propina. Só isto.
Eu me pergunto para que tanto deputado, tanto senador? Para aprovar no
tapetão, com apenas voto de liderança, bastava que o Brasil elegesse
um único representante para cada legenda. Seria mais honesto e
muitíssimo mais econômico. Quanto ao povão, sempre ocupado com
futebol, carnaval, parada do orgulho gay, feriado emendado etc., para
esta gente basta uma bola de futebol, uma latinha de cerveja bem
gelada, e, na TV, uma novela bem indecente seguida de um reality show
completamente idiota.
Você tem a responsabilidade histórica de ter subido duas vezes a rampa
do Palácio do Planalto. Pesa em suas costas o ônus decorrente de
medidas que não foram tomadas: reforma tributária, reforma política e
reforma agrária. Mexer no item carga tributária é mexer em vespeiro. É
desonerar encargos e reduzir a arrecadação de impostos. É nivelar por
baixo o ICMS de todos os Estados. Quem assume?
Reorganizar a vida política nacional começa por moralizar o fandango
partidário, reduzir o número de representantes no legislativo e acabar
com o voto de liderança. Tem que ser muito macho pra reduzir o
quantitativo de ministérios, secretarias inúteis, institutos de coisa
nenhuma, ONGs e funcionários fantasmas. Para moralizar o executivo
urge extinguir anomalias indecentes como a medida provisória. Tanta
coisa a fazer! Não é mesmo para qualquer um.
Reforma agrária depende de uma revisão imediata da Lei Nº 8.629.
Depende de um INCRA mais criterioso. Depende de Ministérios (Social e
Agrário) com pulso firme para deter a ação nefasta e criminosa de
bandidos e parasitas infiltrados entre trabalhadores sem-terra, ambos
eleitores de cabresto de vocês. Assim como está, o que se vê é apenas
uma desestruturação da vida no campo sem nenhum resultado. E, o que é
pior, acampados e assentados são párias sociais favelados na roça,
esquecidos da sorte, do governo e da Lei. O que mais prospera nos
módulos dirigidos pelo MST e MLST são botecos para o comércio livre de
pinga e drogas. Assentados são meros revendedores ou aspirantes a
revendedores de módulos rurais dos quais eles não possuem escritura
cartorial. E o INCRA, cadê o INCRA? Aqui em Minas Gerais, que tem
quase novecentas cidades, quem quiser falar com o INCRA tem que ir a
Belo Horizonte. Este órgão funciona ou é uma piada para boi dormir?
A pergunta que não quer calar é a seguinte: para que existe cartório,
documento, registro, selo, firma reconhecida, matrícula, escritura,
esta parafernália toda? Para nada? É tudo uma simulação de ordem, de
legalidade, ou apenas um assalto sem revólver? O campo está em pé de
guerra, Luiz Inácio. Veja o desastre que você e sua pupila consentiram
e estimularam. O certo, o óbvio, seria que a propriedade privada
estivesse protegida pelo Estado. Ou será que o lema ORDEM E PROGRESSO
é apenas enfeite de bandeira?  É preciso ter arcabouço moral e total
credibilidade política para enfrentar estas promessas de campanha, o
que não é o seu caso. Assim sendo, você não fez o que era urgente nem
sua sucessora o fará.
A BOLÍVIA nacionalizou uma PETROBRAS nossa como bem quis, estimulada
por Hugo Chavez. Como Evo Morales é seu amigo do peito, ficou por isto
mesmo, mal negociada. Você cortejou e protegeu ditadores, genocidas e
assassinos julgados. E muitas vezes foi motivo de espanto, de riso e
zombaria aqui e no exterior.
Nossas tropas de paz no Haiti, que generosidade extrema foi aquela?
Desvestindo um santo para vestir outro? O povo brasileiro se acabando
na droga, no crime, na luta fratricida, nos deslizamentos das
encostas, à míngua, sem vacina, no rabo da fila mundial do
conhecimento, desmatando tudo, e você na pajelança de uma vaga para o
Brasil (para você) na ONU ou um Prêmio Nobel de qualquer coisa.
Enquanto isto a suruba correu solta no berço esplêndido da Pátria
Amada e só agora vem à tona: cartões corporativos, mensalão,
passaportes diplomáticos, Rose etc. Um presidente pífio, do qual me
envergonhei tantas vezes!
E o Acordo Ortográfico? Você assinou, açodadamente, uma supérflua
reforma denominada Acordo Ortográfico, a partir do qual a insegurança
passou a presidir a redação de textos em língua portuguesa. Não foi
uma atitude inteligente nem necessária nem patriótica porque forçou o
Brasil a jogar fora toda sua produção editorial, todos os dicionários,
enciclopédias e livros didáticos... Precisava? Não, não precisava. O
mundo não ia acabar se permanecessem o trema na palavra linguiça e o
acento agudo na palavra ideia.
Para você, que se gaba de não ler e que decerto também não escreve,
talvez não signifique nada o que eu estou dizendo, mas pode ter
certeza de que o prejuízo foi incalculável para o País. Como terão
ficado os demais signatários deste Acordo? Portugal, Angola, São Tomé
e Príncipe, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique e Timor Leste? Eles,
tão menores do que nós, talvez com mais dificuldade financeira, como
estarão honrando este Acordo Ortográfico?
Neste momento surgem trincas ameaçadoras nas muralhas da sua ficha
limpa, do seu conceito de salvador da Pátria. Você não precisou de
inimigos para conspurcar sua imaculada pele de cordeiro, esgoelada à
exaustão em cada esquina, em cada boteco, em cada assentamento, em
cada video institucional chapa branca. A você bastaram os amigos mais
próximos, seus cães-de-fila: Palloci, Genoíno, José Dirceu, Delúbio,
Luizinho, Valério, João Paulo etc etc etc... E os que você selecionou
e anexou na sua agenda ao longo dos três mandatos: Collor, Sarney,
Renan, Jefferson, Maluf etc. Tudo gente boa.
Nunca antes na História do Brasil amigas íntimas nomearam, fizeram e
desfizeram. Amiga íntima é o quê? Foi no seu governo inovador que isto
começou. Seu retrato chutando bola, na parede da sala da sucursal da
Presidência em São Paulo foi um desacato à presidenta. E ela passou
despercebida, o que é muito grave. Ou percebeu e consentiu, o que é
mais grave ainda. Se a PF não dá pela história e a imprensa não bota a
boca no trombone, estariam lá, até hoje, o escritório dentro do Banco
do Brasil (dentro???), a foto atlética na parede e a dita-cuja na
poltrona giratória. Cá pra nós, a foto do herói em momento relax, na
parede errada, foi um descuido imperdoável. No tempo do meu avô teúdas
e manteúdas corriam por conta do coronel, nunca por conta do povo
brasileiro. Eles eram garanhões muito mais éticos, convenhamos.
Milhões e milhões de reais nas cuecas, nas malas e em contas em
paraísos fiscais. Empregos em profusão, superfaturamento à vontade,
cartões corporativos e passaportes diplomáticos para seus familiares e
amigos. Tudo fora do controle porque A VIÚVA é rica e tem hímen
complacente. Enquanto isto, no SUS, falta médico, leito,
remédio,vacina, lençol, esparadrapo, fraldão, seringa descartável etc.
Faltam dentes na boca do Zé-povinho. Falta insulina no posto de saúde.
Falta pavimentação nas estradas. Falta estrada. Falta ponte. Faltam
eclusas nos nossos rios navegáveis. Faltam portos para escoar nossas
riquezas. Falta ferrovia de bitola larga. Falta metrô nas cidades
grandes. Faltam respeito e salário digno nas escolas públicas de todos
os níveis. Falta tanta coisa, e o MENSALÃO escancarando mazelas de um
governo longo que se autorrotulou de pioneiro, o primeiro na História
do Brasil a fazer e acontecer. Tem vergonha de tudo isto, não,
excelência? Nem remorso?
Seus amigos estão aí, no pau da goiaba, na execração pública. Pensou
que os ministros nomeados por você estavam obrigados a lhe vender a
alma? Nem todos, viu só que gente mais ingrata? E você? São e salvo.
Prestigiado por governadores e por institutos de pesquisa. Mudo e
surdo. Tem nada a dizer, não? Vai deixá-los torrar na fogueira da
Justiça? O gato comeu sua língua, companheiro? Que papelão! E agora
esta Operação Porto Seguro, um polvo do mal, cheio de tentáculos, que
horror!
A primeira dama esteve à toa por oito longos anos, vivendo vida de
rainha neste Palácio da Alvorada, plantando canteiros vermelhos no
jardim real. Podia ao menos ter prestado mais atenção às amizades do
marido, às amigas mais próximas, de confiança. Uma convidada especial
integrante da comitiva presidencial em mais de vinte viagens
internacionais, não é pouco, não, hein, companheiro? Com passaporte
diplomático, talvez? Com direito a cartão corporativo, será possível?
Revistas e jornais contam horrores, mas deve ser calúnia, não pode!
Tanta contravenção, tantos escândalos... Por que você não se defende?
Ou é tudo verdade? Parafraseando Castro Alves eu pergunto: “Onde estás
que não respondes?”
O PT é hoje um partido esvaziado de líderes, desprovido de pensadores.
Tão afeiçoado ao poder como se o poder fosse seu oxigênio, sua
adrenalina. Ao cabo de trinta e oito anos de militância aguerrida, eis
que a vitória acachapante aconteceu nas urnas municipalistas, mas
vocês não conseguiram chegar sozinhos. Tiveram que vender a alma ao
diabo a agora as coligações heterodoxas vão corroer seus governos.
Perdendo a presidência da Câmara e do Senado, o barquinho de vocês
estará à deriva. Quer apostar? No PT só sobraram índios. Cadê os
caciques?
O PT não me interessa, quero lhe falar de sonho, de utopia. Hoje seus
adversários pensam que vocês são comunistas. Temem o comunismo porque
esta ideia é difusa, repleta de experiências malogradas e até
perversas em alguns países do mundo. Aqui e agora este ódio à flor da
pele é resultado das cabeçadas, dos desvios de comportamento moral e
ético, das lambanças políticas praticadas por seus companheiros mais
diletos, de absurdos privilégios criados para serenar a ira do
populacho.
Qualquer um pode ter puxado o gatilho da arma que matou Celso Daniel.
O mais importante, que ainda não foi apurado, é o motivo desta morte
absurda e o mandante do crime, um espinho atravessado na garganta dos
familiares daquele prefeito e de milhares de brasileiros menos burros,
como eu. Precisava, não, Luís Inácio! A História do Brasil já
registrava muitas irregularidades, muitos crimes e muitos suicídios
mal explicados. Então vocês apareceram, prometendo consertar o País.
Foi nisto que se acreditou.
Eu sei que vocês nunca foram comunistas. Alguns eram/são meros
arruaceiros. Outros, meros delinquentes juvenis. Outros, bandidos
mesmo. Pode até ser que houvesse alguns equivocados, rebeldes sem
causa, que foram no vai da valsa. A boiada seguiu a corrente sem
raciocinar. Sou testemunha ocular e vítima de todo o processo. Jamais
peguei em armas. Nem eu nem minha família. O berço marxista me
aproximou da utopia socialista e fez da minha prática diária a
concretização deste sonho coletivista. Dia após dia, no meu lar e na
sala de aula da escola pública, eu tentei ser uma cidadã atualizada,
coerente, politizada e politizante. A luta armada, sem nenhuma chance,
sem quadros, neste nosso País continental, foi mais uma infantilidade
e uma burrice do que uma atitude heróica. E sacrificou tanta gente!
Falemos de você. A liderança caiu em sua cabeça por acaso. Um líder
fabricado da noite para o dia, sem preparo teórico, sem histórico
partidário nem político. Foi muito holofote, muita mídia, muito
foguetório. Houve também muito aplauso importante: CNBB, OAB, FIESP, a
grande imprensa e, por detrás da cortina, o consentimento do governo
militar.
Você, ingênuo, acreditou. Bastaram-lhe 31 dias de reclusão para
elegê-lo como deputado federal constituinte mais votado do Brasil. Na
sequência você, que tanto havia achincalhado os ricos e os
empresários, cooptou o empresário milionário José de Alencar e, com
esta tacada de mestre, encerrou o ciclo de desconfiança ideológica que
pesava sobre o PT e você. Enterrado o fantasma da esquerda, as
dificuldades acabaram. Choveu dinheiro nas suas campanhas malogradas e
nas vitoriosas. Os publicitários que o digam. Você vestiu a fantasia
do SUPER-HOMEM, a faixa de presidente, e saiu voando, fazendo
bobagens, dizendo bobagens no mundo inteiro. Chistoso. Eu o considero
um impostor, Luiz Inácio, um coveiro do sonho de esquerda da minha
geração prestista, que se preparava para ganhar “no papo” e não “no
sopapo” como vocês fizeram. Na minha avaliação, seus heróis da luta
armada atropelaram e atrasaram a História do Brasil desde quando
empunharam armas, assaltaram bancos, sequestraram pessoas, até quando,
trinta anos depois, assumiram postos, cargos e funções.
A ditadura militar agonizava, desmotivada, e os ditadores já estavam
sem repertório. “VOLTA, FLÁVIA SCHILLING”, escreveu emocionado o
truculento presidente João Batista Figueiredo. O PT foi apenas um dos
atores do fim da ditadura, não foi o dramaturgo. Você sabe o que é
dramaturgo? O Brasil merecia uma esquerda muito melhor, mais decente,
mais patriota.
Não sei se os historiadores vão lhe reservar um lugar no panteão da
glória como o MARCO ZERO da História do Brasil ou se vão julgar como
um desastre o tsunami de revolta e animosidade que o governo do seu
partido deixou como herança maldita para a família brasileira: a
intolerância e o revanchismo. Militares e a esquerda, negros e
brancos, índios e brancos, fazendeiros e sem-terra, estudantes da rede
pública e particular, quanta mágoa e conflito supurando ao mesmo
tempo!
Que dizer destas cotas, acendendo fachos de fogo no borralho étnico,
social e político de nosso País? Um bem ou um mal? Tudo isto apenas
para encobrir a incúria administrativa do governo petista, mero
paliativo de uma governança pusilânime que não promove reformas de
base, para quem educação não é prioridade. É mais fácil, mais prático,
mais eleitoreiro, criar privilégios para o jovem portador de um título
eleitoral, que já vota, do que educar, no berço, a massa que só votará
daqui a dezoito anos. Óbvio ululante!
Seu colega Lech Valesa foi agraciado com o Prêmio Nobel da PAZ em
1983. Talvez uma picuinha contra a URSS. Mas foi. E você? Talvez
decidam homenageá-lo como pai dos pobres pelas bolsas-esmolas
incondicionais, sem prazo para acabarem, sem contrapartida para os
beneficiários das mesmas. Mas também pode ser que considerem estas
ditas “políticas afirmativas” como meras matracas de fazer voto e
manter o povo à margem do crescimento social, cultural e profissional.
Vai depender do historiador e de quem pagar pelo serviço. Infelizmente
a verdade é uma moeda de duas caras e papel aceita tudo.
Muita saúde para você, são os meu votos de Ano Novo. Peço-lhe que não
morra agora. Você corre o risco de ser canonizado pela massa ignara e
isto é tudo que não pode  acontecer.
Desculpe declarar que eu não tenho nenhum respeito especial,
genuflexo, pela sua história de nordestino retirante, órfão de pai
irresponsável, filho de mãe que nasceu analfabeta, inventor de um
Brasil onde nunca antes de você ninguém havia ... blá-bláblá.
Para mim você é apenas um nordestino vaidoso, petulante,
irresponsável, complexado e ridículo, cercado de aproveitadores, que
foi usado por bobos e ladinos e até por empresários, políticos e
banqueiros oportunistas, ladrões e cretinos, brasileiros ou não. Só
isto. Um cidadão que teve a sorte de nascer no Brasil, porque, se
tivesse nascido em um País mais austero, algumas coisas não teriam
acontecido em seu derredor nem em seu benefício. Pra Curupira,
Macunaíma, Getúlio e Juscelino, lhe faltam um queijo e uma rapadura.
Saiba, Luiz Inácio, que há ex-petistas frustrados, que pensam
exatamente como eu, que nunca fui petista. Tenho milhares de mensagens
deles. Se eles autorizarem, lhe mostro todas.
Escrevo-lhe esta carta motivada pela impossibilidade de lhe falar
pessoalmente. Por um dever de lealdade comigo e com toda a verdade que
sofrimentos políticos impuseram a minha família e a mim. Eu não cobrei
do povo brasileiro um preço pela derrota do meu sonho ideológico, que
vocês depois acabaram de jogar no lixo. Não pedi indenização. Sabe por
quê? Porque um sonho ideológico não tem preço. E a derrota, assim como
a vitória, faz parte do jogo. Pessoas maduras, equilibradas, sensatas,
sabem disto.
Sou sete anos mais velha do que você. Compete a mim tomar esta
iniciativa. Serenamente porque o momento é oportuno. E publicamente,
porque somos pessoas públicas. A carta é longa, é verdade. Oito laudas
A4 em fonte 11. Mas muito menor do que o tempo que eu venho tolerando
você e seus cupinchas. Então, leia com paciência, meditando cada
parágrafo, porque vai aqui um pouco da História do Brasil de que nós
dois participamos como artífices.
Neste retiro a que se recolheu agora, tudo conspira a favor de uma
autocrítica. Vai lhe fazer bem. Saia da concha, você não é uma ostra.
Ou será que é? Vou lhe contar um segredo que é seu, que você viveu e
não se deu conta: você não é um ex-presidente porque nunca presidiu
coisa nenhuma. Por um tempo você foi hóspede do Palácio da Alvorada.
Cumpriu as tarefas que meia dúzia de espertalhões traçaram para você,
repetiu as palavras de ordem sugeridas por seus ministros, assessores,
amigos e puxasacos, vários deles periguetes institucionais de saia
justa ou de bigode, tanto faz. E foi bufo em alguns momentos,
principalmente nas performances internacionais, quando vendeu a imagem
cafona, bizarra e equivocada de um país emergente perdulário e
fuleiro. O resto foi bajulação, farofa, churrasco, futebol e
caipirinha. Devia ter perguntado a OBAMA qual o significado da palavra
O CARA, que tanto lhe subiu à cabeça.
Se puder entender o que eu tento lhe dizer, o que eu sinto, saiba que
neste momento sinto pena. Do Brasil e de você. Do Brasil porque fecha
o ano sem votar os royalties do pré-sal, sem votar a Lei Orçamentária
de 2013, com um PIB pouco maior do que ZERO, pelo Mensalão inconcluso,
pela Operação Porto Seguro, pelo arquivamento do escândalo Cachoeira,
pelo grande blefe Demóstenes Torres, pelo problemaço energético, pelo
Velho Chico, pelas obras do PAC, superfaturadas e interrompidas, pela
dispensa de licitação para obras em aeroportos, estádios, Brasil
Carinhoso, por esta alucinação esportiva em um País sem atletas, pela
volta da cerveja aos estádios, por confirmar a cada dia que o Brasil
não é um País de gente séria. Ah, e pelos impostos que eu pago, para
enriquecer malandros! Culpa da Dilma? Dilma é você, tanto faz.
Sinto pena de você, que parece ter caído no melado. Um animal acuado
cujo constrangimento é evidente. O preço da glória é alto demais,
principalmente quando tudo parece sinalizar um desfecho de conto de
fadas de final infeliz, aquele no qual uma criança verdadeira grita
durante o desfile: O REI ESTÁ NU!
Peço desculpas aos meus netos pelo País que vou legar a eles,
abarrotado de mentiras e de crimes institucionais.
Sinceros pêsames, Pátria Amada BRASIL!
 
Martha de Freitas Azevedo Pannunzio
 

quarta-feira, 27 de março de 2013

Engula o Choro, Presidenta




Carta de Marcella Martins, Santa Maria - RS, à Presidente Dilma
Engula... o choro, presidente. Engula o choro ao falar da tragédia de Santa Maria. Engula o choro e todos os problemas desse país que nele estão escancarados. Engula que o medo do segurança de ser demitido neste país é maior do que sua consciência de deixar as pessoas saírem sem pagarem suas contas para não morrerem. Engula a soberba dos donos de empresa desta nação que não estão nada preocupados com pessoas como eu e até mesmo como a senhora porque estão focados demais em lucrar, e preferem fechar as portas como numa câmara de gás a ter prejuízos. Engula a pressão que todos os seus funcionários sentem todos os dias. Engula que para arcar com seus altíssimos impostos, todos eles dão um jeitinho bem brasileiro de se desviar dos regulamentos e leis. Engula que os órgãos responsáveis por evitar que isso aconteça não funcionam. Engula que eles deixaram essa, entre tantas e tantas casas mais, funcionar sem licença. Engula que provavelmente alguém que também ganha pouquíssimo aceitou um suborno para que isso acontecesse. Engula que a senhora deu "é" sorte por ser apenas essa casa entre todos os tantos lugares que deveriam estar fechados, que caiu na boca da mídia. Engula a mídia que vai atacar com todo o sensacionalismo possível em cima das famílias que estão procurando celulares em cima de corpos para reconhecer seus filhos. Engula as operadoras que não funcionam e que provavelmente impediram uma série de vítimas a pedirem socorro. Engula que o socorro que chega para se enfiar em lugares como este, pegando fogo, cheio de corpos de jovens para serem resgatados, recebe um salário vergonhoso, com descontos ainda mais vergonhosos, e ainda assim executam um trabalho triste e digno antes de voltarem para a casa e agradecerem por seus próprios estarem dormindo.
Não, presidente. Não chore ao falar da tragédia. Faça! Faça alguma coisa. E pare de nos dar como exemplos uma série de catástrofes para tomar medidas idiotas que não valerão de nada alguns meses depois. Não se emocione. Acione! Acione a todos os órgãos públicos, faça uma limpa em sua maldita corrupção e devolva à segurança pública, às instituições sérias, aos professores, aos bombeiros, aos enfermeiros, aos seguranças, aos jovens, o mínimo de dignidade. Não faça um discurso. Mude o percurso. Mude tudo porque estamos cansados de ver nossos iguais pegando fogo, morrendo afogados, morrendo nas filas, morrendo no crack, morrendo, morrendo, morrendo, e tendo como última imagem aquela tv aos fundos anunciando o fim de mais uma bilionária obra de estádio de futebol.
Não, presidente. Desculpe, mas na minha frente, a senhora não pode chorar. Não pode chorar sua culpa. Não pode chorar sua inércia. Não pode chorar no Chile mas também não pode chorar em Santa Maria. Porque isso é muito maior do que só um acidente. Isso é muito maior do que só sua comoção. Engula o seu choro, presidente. O seu, o dos jovens que perceberam que não teriam mais o que fazer que não morrer, e em especial, o de seus amigos e familiares, que em um país como esse, não têm outra opção que não chorar. Engula o choro, presidente."
MARCELLA MARTINS.
PRESIDENTE DILMA, ENGULA, AGORA, TAMBÉM, O CANALHA DO RENAM CALHEIROS, ENFIADO EM SUA GUELA, PELO TAMBÉM CANALHA LULA.