quinta-feira, 24 de maio de 2012

O lado mau do progresso - Octávio Caúmo

O lado mau do progresso

by Octávio Caúmo
Já deu o progresso ao homem
Tudo o que ele desejava.
Fê-lo parecer feliz,
Muito mais do que sonhava,
Mas hoje está retirando
Tudo aquilo que lhe dava...
O celular já não fala,
O trânsito já não anda,
A justiça não defende,
O bandido é quem comanda,
É a natureza que morre
E a igualdade que desanda...
O estresse que toma conta,
Logo vira depressão...
Morre gente pela dengue
E males do coração,
Voltaram muitas doenças
Nesta “civilização”!...
As drogas dominam tudo:
As legais e as ilegais;
A polícia está impotente,
Perdendo pra os marginais,
E até o alto escalão
Só rouba, e cada vez mais!...
Não só os vírus das viroses
Nos causam preocupação,
Como o da tuberculose
Ou o da constipação,
Há também o da informática
Que é o da comunicação...
Em um lugar temos seca
Noutro água em abundância;
Faltas casas para o povo
Porque há bastante ganância
Não se liga pra velhice
Muito menos para a infância.
Quem quiser água potável
Tem de pagar muito caro.
No nordeste, a água é salobra
Porque água pura é raro
Com isso os dos carros pipa
Enriquecem, é muito claro...
Nosso velho presidente
Falou da transposição,
Mas era transpor o cargo
Para a outra na eleição,
Porque a cama foi bem feita
E entramos na enganação.
Ganancioso, o ser humano
Desmata, queima, destrói
E vendo tanta maldade
Confesso que a alma me dói,
Respirando poluição
Que até a carcaça corrói...
O jovem rabisca o corpo
Com desenhos descabidos,
Maculando o templo santo
Que há muito lhe tem servido,
Querendo agredir os outros
Sem ver que é o próprio agredido!
Como está sempre com pressa,
O homem morre nas estradas
Todas bastante inseguras,
Pois são mal sinalizadas,
E além da sua imprudência,
São todas esburacadas...
Casamentos duram pouco
E depois resta a pensão...
Quem procura um bom partido
Já tem a clara intenção
De trocar um belo emprego
Por joias, carro e mansão.
Crianças são sedentárias,
Grosseiras, cheias de manha,
Sabidas e acomodadas,
Expertas em artimanha,
Para se dar bem na vida
Crentes que isto é uma façanha!
São muito mal educadas
E seus pais incompetentes
Deixam que elas façam tudo,
Depois sofrem mais à frente,
E perguntam onde eu errei
Ingênua e cinicamente.
Os filhos mandam nos pais;
A família está acabando.
Cada quarto uma TV,
Tendo seu próprio comando,
Com câmara e note book
Vão ao mundo se ligando.
Porém no quarto do lado,
Dorme a mãe, dorme o irmão,
Que não dizem nem bom dia
Ao se verem no salão;
Parecem todos estranhos,
Como hóspedes de pensão...
Amizade de verdade
Quase já não mais existe;
O orgulho e o egoísmo
Deixam todo mundo triste
E a traição entre os amigos
É hoje o que mais se assiste!
Cultivam somente o corpo
Enfeitando-o traço a traço,
Não cuidam d’alma, que é o sumo,
Dão mais valor ao bagaço,
E o cabelo, nem se fala,
Lhes custa tanto embaraço...
O dia tem 24
Horas, porém nem parece;
A noite chega depressa,
Logo depois que amanhece
E ao homem nem sobra tempo
Para fazer uma prece!
Não sei se valeu a pena
O mundo desenvolver,
Se hoje assim como está
É tão difícil viver
Que o próprio dia de amanhã
Eu não sei como vai ser.
Enfim, como é aqui que eu moro
E sequer pago aluguel,
Não posso nem reclamar,
Pois cumprir o meu papel
É somente o que me cabe,
Confesso neste cordel...
Se você leu com paciência,
Digo-lhe muito obrigado,
Mesmo que em nada comigo
Você tenha concordado,
Mas é só a minha visão
Do futuro e do passado...
Muito mais do que falei
Eu poderia ter dito,
Porém iria me alongar
E então este meu escrito
Não ficaria melhor
E nem mesmo mais bonito!...
Obrigado
Octávio Caúmo | quinta-feira, 24 maio, 2012 at 6:03 pm | Categorias: Minhas Poesias | URL: http://wp.me/p4FWX-tT
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