sábado, 13 de fevereiro de 2010

FAMÍLIA, Fundamento da Vida - João Carduci

Joao Carduci Pereira da Silva   (carduci@secrel.com.br)

Fortaleza  CE

FAMÍLIA, Fundamento da Vida

Seguimos na vida como se andássemos numa estrada. Aliás, o próprio mundo parece uma nave interplanetária, circulando no universo. Ninguém permanece estático, até mesmo os seres inanimados; por isso encontramos pedras no meio do caminho...
Começamos a maratona carregados nos braços carinhosos de nossa mãe. Aos poucos, vamos aprendendo a caminhar e a falar e, a passos curtos e apressados, tentamos acompanhar os adultos na sua caminhada. Se fôssemos nômades, tais quais ciganos, assim levaríamos nossa vida, em bandos sem destino.
Alguns preferem viver desse modo, sem se fixar em lugar algum, sem criar raízes, sem apego ao torrão natal, quase sempre porque foram criados em lares mal formados. Outros, por se perderem pela vida. Todos nós, no entanto, mais cedo ou mais tarde, aprenderemos que a caminhada que empreendemos, seja qual for nossa origem, será sempre uma escolha pessoal, mesmo quando nos deixamos manipular pelos outros.
Mas gostaríamos de poder viver num mundo onde não precisássemos nos distanciar ou separar das pessoas com quem nos habituamos a conviver, principalmente quando temos vínculos de parentesco com elas, mormente nossos pais e irmãos. Há quem passe toda sua vida pensando assim, pois a criança dentro de nós nunca morre, e procura criar condições que lhe assegure ter sempre em volta de si seus entes mais queridos. Na verdade, o amor entre as pessoas é o que há de mais nobre no ser humano. Todavia, para amadurecer psicologicamente temos que entender que "ninguém é de ninguém"; que, como os pássaros e outros seres vivos animados, nascemos para ser livres.
Se não tivermos coragem para enfrentar a estrada da vida por nós mesmos jamais ficaremos adultos. Permaneceremos dependentes, incapazes de tomar conta da própria vida... Por outro lado, as distâncias não extinguem os laços verdadeiros que unem as pessoas. O contrário até parece acontecer. A convivência expõe os familiares e amigos ao desgaste da rotina, fazendo com que percebamos mais os pontos negativos uns dos outros do que suas qualidades.
Seria o caso de pensar: mas o homem não é um ser social? Não se diz que "homem algum é uma ilha?" Isso é verdade. Nascemos, normalmente, num ambiente familiar. Nele aprendemos a nos comportar no mundo, segundo os valores que nos foram transmitidos. Crescendo, vamos aprendendo que sempre estaremos submetidos a regras de vida comunitária, na escola, no trabalho, no lazer, nos momentos de contemplação ou oração.
Mesmo quando nos deslocamos pelo mundo, em circunstâncias transitórias, terminamos nos aproximando e convivendo com algumas pessoas, com as quais procuramos estabelecer vínculos de amizade ou de interesse para nos sentirmos mais seguros. Algumas dessas relações tornam-se muito fortes, mas a maioria se dá num nível temporário e se desfaz no tempo.
Por causa das mudanças de hábitos e costumes, a sociedade contemporânea tem enfraquecido as ligações familiares. Antigamente tios e primos, e até mesmo parentes mais distantes, sentiam-se integrantes de um mesmo pólo familiar. Havia mais solidariedade entre todos e uma alegria espontânea nos encontros com os parentes. Era comum um primo apresentar o outro a alguém como se fosse seu irmão de sangue. A globalização, despertando as pessoas para a hiper-valorização das riquezas, aguçou a competição entre os seres humanos, inclusive dentre membros de uma mesma família, acabando com esse relacionamento solidário e fraterno. Estas características passaram a ser consideradas fora de moda.
Muita gente chega a considerar a família uma instituição ultrapassada, que não se ajusta mais ao mundo moderno. Os que pensam assim entendem que o apego familiar dificulta a sobrevivência das pessoas que são forçadas a se distanciar de seus lugares de origem. Com efeito, hoje em dia são raros os lares onde os filhos e irmãos ainda permanecem próximos. Talvez na maioria, essa aproximação seja apenas afetiva e virtual. Mesmo assim, é fácil de reconhecer que, nas famílias que se estruturaram em bases sólidas, sob valores éticos e sobretudos espirituais, seus membros ainda que vivendo isolados formam uma comunhão, que faz com que permaneça no inconsciente e na memória viva de cada um a sensação de que, esteja onde estiver, ou seja qual for sua situação, há um grupo de pessoas que torce pelo seu sucesso e pelo seu bem estar, sem nada exigir em troca, embora aprecie também sua atenção e carinho.
Na realidade, nossa família é o patrimônio mais precioso. Algumas vezes elegemos certas amizades, ao longo da vida, como mais merecedoras de nossa atenção do que muitos de nossos familiares. Há casos em que conhecemos pessoas tão especiais e leais que é plenamente admissível esse tipo de afinidade. Mesmo assim, nunca o ser humano deve esquecer os seus laços sanguíneos, mas sim atualizar seus conceitos sobre cada membro da família, porque muitas falhas e mágoas de relacionamentos no passado decorreram do próprio aprendizado da vida de cada um e devem ser perdoadas.
O paradoxal da família é que, normalmente, ela se origina da união de duas pessoas que, na maioria das vezes, só se conheceram na vida adulta. O compromisso de fidelidade e dedicação recíprocas que se fazem, ao casarem, é o cimento que permitirá a união permanente do casal e de seus descendentes. Por isso, Rui Barbosa, o célebre jurista e pensador brasileiro, dizia que a "pátria é a família amplificada".
Com efeito, nenhum povo será melhor do que a somatória do comportamento das pessoas em suas comunidades familiares. A bagunça que o mundo paganizado tenta fazer com o instituto da família favorece apenas àqueles que já não sabem o que é essa instituição, porque se perderam em suas ambições, por terem optado pela conquista egoísta das benesses oferecidas pelo mundo material. Mas essas pessoas não pensariam assim, se lembrassem de que o tempo não pára e que ninguém escapa do envelhecimento. Logo perceberiam que vale a pena preservar a família e passariam a formar entre os que a defendem dos valores pagãos que parecem tomar conta da sociedade. Se a família perder a sua importância para o homem, a qualidade de vida das gerações futuras estará seriamente comprometida.
Num mundo onde as pessoas se sintam sem vínculos permanentes com ninguém, as relações humanas tornar-se-ão apenas jogos de interesse. Como viveriam as crianças, os idosos e os carentes nesse mundo? Possivelmente a velhice e a invalidez física e ou mental passariam a ser consideradas um estorvo na vida das pessoas ativas. A religião, quando procura manter o homem ligado a Deus, tem na preservação da unidade familiar um dos seus pressupostos básicos. Vale a pena pensar seriamente sobre isso e passarmos a agir com firmeza visando a dar nossa contribuição para a revitalização e preservação dos valores familiares. A Família é o fundamento da vida.

OBS. SE HOUVER INTERESSE PODEREI MANDAR ALGUNS ARTIGOS. ESTE ORA ENVIADO FOI ESCRITO À ÉPOCA EM QUE EDITEI "FAMILIA, FUNDAMENTO DA VIDA.

Nenhum comentário:

Postar um comentário