Helena Maria da Silva Vieira (mallenav@hotmail.com)
cidade:
ITAJUBÁ
estado: MG
idade: De 61 a 70 anos
sexo: feminino
categoria:
ESTÓRIAS
ITAJUBÁ- DELFIM MOREIRA ,TREM DA SAUDADE
Estava eu a procurar uma foto da nossa antiga estação ferroviária aqui na
net, quando me deparei com essa pérola.
Confesso que me emocionei. Muito. Eu
nasci e me criei na Fábrica de Armas de Itajub á, e da passagem do *trenzinho*
tenho muitas saudades.
Outro dia até contava a um amigo do site, que é de
Delfim Moreira, que eu e meus irmãos esperávamos a passagem do trem para la, aos
sábados a tarde, porque um amigo do meu pai, na volta da feira, nos deixava saco
com peras, laranjas baianas e marmelos.
Ouviamos o trem e de longe o viamos
com o braço esticado segurando aquele saco de frutas. E o trem vinha devagar até
em frente nossa casa, ali na vila em frente ao Contigente. Ele soltava aquele
fardo e o trem ia embora resfolegando seu cansaço.
Nós nos deleitavamos com
aquelas frutas suculentas, saborosas, de Delfim Moreira.
Sempre peço a Deus
por aquele senhor em minhas preces. Não me lembro se o nome dele era Antonio ou
Joaquim. Mas o que é um nome?
Voces devem estar pensando que eram frutas
podres, restos de feira. Que nada. Aquelas frutas eram colhidas para nós. Como
ele vinha para Itajubá muito cedo ele as deixava em nossa porta só 'a
tarde.
Na minh a infância existiam pessoas assim.
Eu fui uma criança feliz
entre dois mundos: a cidade e as fazendas. E foi bom viver ali.
Outro dia
esteve em casa um amigo daqueles tempos. O Clóvis. Hoje mora em Caraguá. E
recordamos saudosos aqueles tempos. E concordamos em que fomos muito ricos e
felizes.
Ricos e felizes em familias de 8, 10, 12 ou mais pessoas.
Se voce
é daquela época e vivenciou experiências boas, conte para nós.
Voce se lembra
daquelas mangueiras, cujos mangas tinham o néctar dos deuses?
Só uma tristeza
amarga me ficou de então. Era ouvir alguem, uma criança geralmente, gritar: La
vem o anjinho...
É que la na entrada do bairro, pelo lado das fazendas, vinha
a procissão de homens, chapéus nas mãos, trazendo o caixãozinho branco. Isso era
comum. Praticamente toda semana.
Por isso me horrorizo quando pais reclamam
de ter de levar um filho ao posto para uma vacina.
E se é para ir no sábado
então...
Eles não sabem quantas lágrimas ja foram de rramadas pela perda de
nossos anjinhos.
Mas isso é outra história.
quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012
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