domingo, 21 de novembro de 2010

A Lei é Clara - Muriel Elisa Távora Niess Pokk

Muriel Elisa Távora Niess Pokk (murielpokk@hotmail.com)


cidade: São Paulo

estado: SP

idade: De 61 a 70 anos


 A Lei é clara


A lei é clara. Sem dúvida nenhuma, as escolas devem aceitar um aluno deficiente intelectual.

Mas será que o cumprimento da obrigação legal fará com que a escola cuide bem do aluno que só por imposição da lei foi ali matriculado?

Ao se colocar, por força da lei, uma criança num estabelecimento que não a quer, ela, provavelmente, será "olhada", pelos dirigentes do estabelecimento, de forma diferente.

A escola deve ser um segundo lar para o infante; ali deve ele sentir-se seguro, acolhido e bem tratado, só assim desenvolverá todo seu potencial, a contento.

O estabelecimento escolar que é obrigado a ter em seu seio aquele a quem não deseja, apenas o deixará participar das atividades escolares, sem se preocupar com o seu desenvolvimento em todos os aspectos desejáveis.

Pergunto: quem sairá prejudicado nessa demanda?

Costumo, dependendo do texto que escrevo, colocar, abaixo do meu nome, a seguinte frase: "Inclusão, sim, mas com respeito ao ser humano", porque creio que, antes de quaisquer leis, há um ser humano que deve ser tratado com respeito, não devendo sofrer as conseqüências (ou inconseqüências) dos atos de outrem.

Sempre lutei pela inclusão da minha filha e aconselho aos pais a fazerem o mesmo, mas, concomitantemente, recomendo: "cuidado, seu filho é um ser humano sensível que, muitas vezes, nada diz mas compreende toda a carga de preconceito a ele dirigido. Ele é uma pessoa que precisa ser cuidado com atenção. Também uma planta delicada, se durante seu crescimento não for bem cuidada, não florescerá como deveria".

Traumas adquiridos onde há discriminação, mesmo velada, chacotas de amiguinhos despreparados, a horrível sensação de não conseguir acompanhar, em classe, seus coleguinhas, dificilmente serão tirados de sua mente.

Muitas escolas aprovam alunos, com (ou sem) deficiência, sem lhes dar ensino suficiente.

Então se impõe uma maior conscientização, tanto por parte das escolas quanto por parte dos pais, quanto à necessidade do real aprendizado. Não importa em quantos anos o aluno se alfabetizará, mas sim que ele conclua seus estudos com aproveitamento.

Eles são os adultos de amanhã e contribuirão para o engrandecimento do Brasil.



Para as crianças com deficiência intelectual, o importante é que elas saibam ler, escrever, fazer cálculos, dentro de suas limitações, pois isso as ajudará no decorrer de suas vidas, auxiliando-as na busca de emprego ou até mesmo na leitura de livros, fazendo-as adquirir, assim, maior cultura, como também impedirá que sejam ludibriadas por não saberem o que estão assinando, por exemplo.

Não adianta ir passando da primeira para a segunda série, da segunda para a terceira, etc, etc, mal sabendo ler e escrever.

Nós, pais de pessoas portadoras de deficiência, devemos lembrar que não somos eternos, e, por isso, enquanto vivermos devemos lutar pelos nossos filhos, deixá-los preparados para que, no futuro, quando não mais estivermos sobre a face da Terra, tenham autonomia.

Vamos batalhar pela inclusão, mas, antes de tudo, vamos respeitar o potencial de cada ser humano. Onde quer que a pessoa estude, seja ensinada com o dom que Deus deu aos mestres... A dedicação.

Texto Registrado em cartório

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