domingo, 27 de junho de 2010

A CASA... LABIRINTO! - Sebastião Antônio Baracho

Sebastião Antônio Baracho (conanbaracho@uol.com.br)


cidade: Coronel Fabriciano
estado: MG
idade: De 71 a 80 anos
sexo: masculino



 A CASA... LABIRINTO!
Há mais de 22 anos passados, comprei uma casa com vários cômodos, inclusive, com três salas e, igual número de sanitários, onde acomodei a minha família (Esposa e quatro filhos).

Ela foi financiada pela Caixa Econômica Federal.

Hoje, quitei, totalmente, a minha moradia, todavia, apesar de me sentir um vitorioso por ter tal posse, a possessão tem me trazido problemas, tais como:

> Todos os meus filhos se casaram e compraram casas residenciais para eles e, os quatro filhos (netos meus).

> Na minha residência, agora enorme, só eu e minha esposa ficamos residindo e, apenas, durante o dia, conosco ficam dois dos nossos netos.

> Durante o período noturno, os espaços se multiplicam vazios ao nosso derredor, pela ausência dos meus filhos e netos.

> Temos um grande quintal fronteiriço, que cabe uns cinqüentas automóveis estacionados, cheio de árvores frutíferas, orquídeas e, água própria de uma cisterna.

> Coloquei a minha moradia à venda na Imobiliária Itapemerim que, no entanto, não conseguiu negociá-la, alegando que, se o comprador eventual tiver que financiá-la, terá que desembolsar, mensalmente, cerca de dois e quatrocentos reais.

> A não venda da minha casa está me obrigando e, a minha esposa, a vivermos como um casal de pardais movimentando-se num campo de futebol e/ou, como dois amantes num ninho cercado de dependências desocupadas de pessoas, mormente, durante o período noturno.

Com isso e, por isso, apesar de ser um proprietário da minha moradia, o qual, pouco tem esse usufruto na classe pobre ou média, me sinto perdido no ninho pela imensidão dela.

Não conseguindo negócio da venda (e/ou, troca por uma menor para morar) da minha propriedade urbana, terei que, nela continuar vivendo e, sobrevivendo a sós com a minha querida esposa.

Resumindo: Como um empírico que sou, acredito ser o maior culpado pela compra de uma casa tão grande, exatamente, por não ter analisado, detalhadamente, antes da compra Dela que, no final da nossa vida (Minha e de minha esposa) iríamos ficarmos praticamente, sozinhos nesse labirinto de salas, quartos e sanitários excedentes.

A Seguir, uma poesia de minha autoria (Inédita) que, pelo menos, me alivia por ter uma residência minha:



A JORNADA

Perdido na noite impura

Sem itinerário definido,

Vagueia a rota criatura

Paria da vida... Desiludo!

Têm calçadas por passarela,

Latões de lixo como baliza.

Portais/camarotes, seqüela!

Pôr aplausos, apenas à brisa!

A cada esquina vencida

Arqueiam os seus ombros,

Os pés vacilam na subida

Ao fugir dos escombros.

Para ante o néon.... Absorto!

Igual uma mariposa vencida.

Nas casas, o máximo conforto,

Nele... Um arremedo de vida!

Encosta-se na parede quente,

Nádegas no piso úmido/gelado:

Sauna funesta e inclemente

A dizimar o âmago do coitado.

Somos de deus o retrato

Com reflexo... Positivo!

O homem, em voragem,

Faz do mísero... Negativo!

Sofre a carne do abandonado

Dilacerada na escada da vida,

Chegando ao patamar arrasado

Pêlos percalços da vã subida!

Porém, esgotada a natureza,

Da vil matéria lhe doada,

O espírito reluz com realeza

Liberto da casca da jornada.

O afortunado da matéria

Terá dívida... Acumulada,

Por dizimar a miséria

Sobre irmão de jornada!


Sebastião Antônio Baracho.
Rua Tiradentes, 73
Fone: (31)3846-61295

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