domingo, 27 de junho de 2010

LEMBRANÇAS DO MEU PAI - Julieta Campos

Julieta Campos (mjuju.l-h@hotmail.com)



cidade: Natal
estado: RN
idade: Selecione sua Faixa Etária
sexo: feminino



LEMBRANÇAS DO MEU PAI



Na memória, lances repletos de intensa vida. Por tudo que recordo no momento: caminho com os olhos fixos no infinito das lembranças. A visão me chega pelos olhares mais freqüentes com os quais convivi. È impossível não nos lembrarmos dos olhares paternos. Olhar de aprovação, de reprovação, olhar de ternura, olhar de admiração. Emoções tornadas visíveis. "Os olhos são o espelho da alma" expressa o dito popular. Sim, muito mais do que as palavras, os olhos nos falam.

Dentre tantas lembranças, gosto do mundo da alegria, das festas familiares, da fantasia, pelos abraços apertados e me lembro de cada um no meu coração. Dançar (aprendi com você), cantar, brincar e o barulho das conversas. Muito próxima a meu pai, ficava sempre pronta para atender aos seus pedidos. Seu lema: Viver sem ambição e sem maldade, seguir em frente, de cabeça erguida, sem meta, sem medo, vivendo sempre o Presente, me dizendo: porque você é e será capaz.

Não importavam os obstáculos, os dias nublados, porque lá estava você pensativo,direcionando os seus objetivos, planos e sonhos, sempre para um lugar de vitórias.

Energia era sua palavra mágica, sabedoria e humildade também. E que nunca deixou de pensar na coisa mais importante da sua vida, NÓS, SUA FAMÍLIA!

Lembro-me de você cheio de vigor, alegre, elegante, convencido, cabelos impecáveis e perfumado. Da sua confiança a minha confiança. Lembro-me também de seus olhos verdes tristes, acabrunhados, pelos problemas dos quais eu não tinha conhecimento. Da sua tristeza fez-se a minha também.

Pai, "pai herói", na infância parecia-me perfeito. Com seu carinho sentia-me amada. Com seu olhar orgulhoso, sentia-me única. Sob seus olhos criei minha auto-estima. Contudo, na adolescência pareceu-me enfraquecido e não o reconheci como meu herói. Dei-me conta dos seus erros. Me revoltei, mas perdoei! No transcorrer do tempo, as perdas de emprego, da juventude, de quase tudo... De perda em perda o vi transformando-se. A dignidade, humanidade, humor e amor intactos, mas cabelos brancos, o corpo curvado, doentio e o olhar embaçado. O meu orgulho pelo pai herói transformou-se em orgulho pelo homem e em imensa gratidão e ternura. Foste levado para um lugar lindo, como tu, deixando saudade do meu amigo, conselheiro e admirável pai, que em horas de lembranças me faz chorar.

Como marca trago para a vida um olhar atento para este mundo tão transformado, cada vez mais violento e desumano, mundo do qual meu pai não fazia parte. Por vezes, busco no meu íntimo sua referência e extraio dela uma nova visão. Uma visão que me permite ter sempre esperança. Esperança de olhares ternos, solidários e mais justos. Amar a vida, ajudar e respeitar as pessoas sem discriminação, tendo sempre um sorriso nos lábios e uma palavra de otimismo. Ensinou-me que na tristeza sempre haverá uma esperança... Desistir de lutar pelo que deseja ou por um sonho, jamais!

Hoje, me permito relembrar momentos felizes. Misturo o real ao imaginário. Mas, os principais registros dos nossos olhares, do amor pai e filha, dos lindos momentos são aqueles que ficarão para sempre em minha vida!

Pai te amarei infinitamente!

Te agradeço pelo que me ensinaste e pelo que sou! Obrigada pela Vida!



Da tua princesa (era assim que me chamavas), tua sempre filha,

Um comentário:

  1. Gostei do texto, que lindo, quanto amor existia no coração desse pai, quando amor existe no coração dessa filha.
    Muriel

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