sábado, 21 de agosto de 2010

O que o nosso corpo silencia - Daniela Martins Lima

Daniela Martins Lima (danimartlima@yahoo.com.br)



cidade: Patrocínio

estado: MG

idade: Até 50 anos

sexo: feminino

categoria: OUTRAS


texto: O que o nosso corpo silencia?



Na busca incessante de um crescimento político-econômico e solução para os diversos conflitos que marcam o individuo e a sociedade, o nosso corpo é que tem pago um alto preço.

Diante da velocidade com que as mudanças ocorrem, muitas vezes nos passam desapercebidas as verdades colocadas como universalmente válidas e as adotamos como hábitos, costumes, como se elas não tivessem origem ou memória.

Somos públicos de uma indústria cultural que torna tudo atraente e digerível. As nossas necessidades são iguais, bem como incitam o nosso comportamento em sociedade. E, para isso, simplificam os temas, esvaziam o significado e disfarçam os conflitos sociais. E o nosso corpo é comparado como objeto de produção e consumo, posse, por uma dominação que quase não se vê.

Acredito que a vigilância para estarmos dentro dos padrões de beleza, comportamento, disciplina, consumismo, agride o ser humano sobretudo porque esse tipo de agressão gera sentimentos de culpa, sofrimento e dor e interferem na subjetividade.

Afinal de contas, que corpo é esse que a sociedade procura moldar às suas necessidades e qual é o corpo que revela a verdadeira autonomia do indivíduo?

A ditadura da beleza estimula que o indivíduo fique nú, mas que seja magro, bonito e bronzeado. Seja insistente, obstinado para alcançar formas perfeitas. Que consuma em demasia, se acomode, não questione. Que a liberação da sexualidade e do corpo seja a verdadeira autonomia do indivíduo.

Mais que imposições, um olhar mais profundo, nos faz ver que o ser humano, corpo social, não tem sido considerado em sua dignidade e essência. Tem-se sacrificado princípios, evidenciando que, pessoas tem sido subestimadas e modelos suplantado o ser humano. Valores tem sido invertidos. A vida banalizada. Corpo e mente colocados em campos opostos. E ao mesmo tempo em que somos livres, somos também ameaça quando nos falta a crítica, a reflexão de como temos conduzido o nosso corpo para um viver bem, dotado de consciência do nosso papel social e agente transformador do meio em que vivemos.

Padrões não vão deixar de existir. Mas reflitamos o que é que o nosso corpo silencia. E que nessa voz que cala possa haver um gemido de dor, de fome, de exclusão, um grito de socorro para que tenha sua autonomia.

Lamentavelmente existe uma distância considerável entre o coerente e a realidade prática, no entanto, não deixe que silenciem o seu padrão mais precioso: a sua consciência.



Daniela Martins Lima. Educadora Física. Patrocínio/MG.

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